Publicado em 25 de agosto de 2010
Aqui está o detalhe importante: foi um estudo “duplo cego”, onde nem os estudantes nem os realizadores do experimento sabiam quais pulseiras continham os “hologramas quânticos” e quais os tinham removidos. Isso só seria descoberto depois. Os testes de equilíbrio foram de apoio monopodal e Romberg forçado, e “uma vez terminada a tomada de dados, realizou-se um estudo estatístico para ver se havia efeito em ostentar a pulseira com ou sem o holograma ou se o efeito, se existisse, seria placebo. Os resultados indicam que a pulseira não tem nenhum efeito”, conclui Rojo em declaração ao jornal El País.
Em quase todos os países onde está sendo vendida, cientistas e médicos opinam claramente como as pulseiras do equilíbrio – que são vendidas por outras marcas também, como “Biolectik” – não funcionam. Aí se incluem Portugal (vídeo) e Austrália (em inglês).
No Brasil, o quadro do Fantástico, “Detetive Virtual”, já expôs as pulseiras e explicou os “testes de equilíbrio” usados para vendê-las:
Como nota o físico Marco Moriconi, a forma como a força é aplicada na pessoa sendo testada – seja diretamente para baixo, ou de forma inclinada – pode responder por que algumas pessoas com e sem a pulseira conseguem se equilibrar ou não. Note que esses testes não são duplo cegos: tanto a pessoa quanto o “experimentador”, que na verdade é o vendedor, sabem quando a pulseira está ou não sendo usada.
Esse truque para “diagnosticar” e manipular resultados é em verdade anterior às pulseiras do equilíbrio, e vem sendo explorado por curandeiros na forma da “Kinesiologia Aplicada” (em inglês), uma espécie de “teste de músculos” sem fundamentos científicos criada em 1964, na qual o terapeuta pode obter qualquer tipo de diagnóstico que deseje e fazer com que o paciente acredite que foi realmente diagnosticado.
Como explicar o sucesso de pulseiras que não funcionam? Marketing e muito dinheiro. Diversas personalidades internacionais como Shaquille O’Neal, Cristiano Ronaldo e mesmo esportistas brasileiros como Rubens Barrichello usam e promovem a pulseira, provavelmente em contratos de publicidade.
Enquanto são vendidas por mais de R$80 a consumidores incautos, o preço de revenda dessas pulseiras que são nada mais que plástico barato com pequenos adesivos holográficos chega a menos de R$2.
Como fonte de renda, as pulseiras parecem funcionar muito bem.
Atualização 29/08/2010: Na última sexta-feira (27) a Agência Nacional de Vigilância Sanitária suspendeu a publicidade das pulseiras “bioquânticas”. As marcas Power Balance e Life Extreme estão sendo investigadas e deverão ser processadas por publicidade irregular, segundo Ana Paula Massera, gerente de fiscalização de propaganda da Anvisa, em declaração à agência Folha.
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